Nem só de calhamaços vive um leitor. Às vezes, tudo que nós queremos e precisamos é de uma obra grande em sua própria ideia, mas pequena em quantidade de folhas, desde que seja capaz de nos fazer sentir a mesma coisa que uma de 700 páginas. Se é isso que você procura, confira 13 dicas de livros curtos e bons, daqueles para ler de um a dois dias e, sempre que possível, repetir a dose!
Antes de tudo, vale lembrar que a lista foi organizada por ordem alfabética. Agora, vamos aos títulos!
1. A Metamorfose, Franz Kafka
“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”. Sem dúvidas, esse é um dos começos mais populares de toda a história da literatura.
Em A Metamorfose, novela escrita pelo tcheco Franz Kafka e publicada em 1915, acompanhamos a saga de um simples garoto que se transforma em uma barata e passa a observar a própria família a partir de um outro ponto de vista — mais angustiante e, sem dúvidas, desafiador.
2. Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, Clarice Lispector
Ah, Clarice… como não citar Clarice? Mesmo em obras curtas e perfeitas para serem lidas rapidamente, em uma tarde tranquila em casa ou até mesmo na beira da piscina, como Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, que não ultrapassa 160 páginas na edição mais recente lançada pela editora Rocco em comemoração ao centenário da escritora, há algo de extasiante.
Na história, vemos Lóri, uma professora que faz uma viagem profunda a si mesma, em busca de se descobrir para, enfim, quem sabe, se entregar ao homem que está a sua espera: Ulisses.
Uma obra extremamente particular, que começa sabiamente com uma vírgula e termina com dois pontos, demonstrando que essa, entre tantas outras situações, é apenas uma parte da vida. Sem dúvidas, esse está na minha lista de leituras indispensáveis!
3. A Revolução dos Bichos, George Orwell
Mais um clássico da literatura moderna, A Revolução dos Bichos é uma fábula que vai abordar as diversas facetas do poder a partir de uma “revolta” que os animais de uma granja decidem realizar contra os donos em busca de melhorias. Contudo, o jogo vira e os oprimidos se tornam opressores.
Escrita em plena 2ª Guerra Mundial, a obra é uma sátira ao regime da ditadura stalinista. Uma ótima opção para ler rapidamente, mas também para refletir e, em alguns momentos, até se divertir.
4. Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto
Com uma forte crítica social, João Cabral de Melo Neto produziu um dos poemas mais importantes da literatura brasileira.
Em Morte e Vida Severina, o autor pernambucano dá voz ao Rio Capibaribe e descreve a viagem de Severino, um sertanejo que sai da própria terra natal em busca de melhores condições de vida. Mas uma presença estranha sempre está ao seu lado, a Morte.
Porém, em meio à miséria e ao abandono que Severino descobre serem eternos, a esperança se encontra no nascimento de uma nova vida, no nascimento de uma criança-severina.
5. O Alienista, Machado de Assis
Você já se perguntou o que é um louco? Escrito há mais de 130 anos, O Alienista é um mergulho nas observações sobre as questões que envolvem a insanidade que a própria ciência pode alcançar.
Na Casa Verde, um clássico hospício dos anos 1800 na cidade de Itaguaí, o personagem Simão Bacamarte começa a conhecer a psiquiatria e decide iniciar um estudo sobre a loucura. Para validar seus experimentos, utiliza cobaias humanas.
Machado de Assis, para variar, escreveu mais um dos melhores livros de literatura brasileira, entre tantos outros.
6. O Conto da Ilha Desconhecida, José Saramago
“É preciso sair da ilha para ver a ilha. Só nos vemos se saímos de nós”. Em O Conto da Ilha Desconhecida, mais uma obra perfeita para ser lida em apenas um dia e ainda assim te deixar emocionado, um homem decide ir ao rei e solicitar um barco para que possa viajar até a tal ilha desconhecida.
O rei, inconformado, pergunta sobre como é possível ir até um lugar que ainda não foi descoberto. Esperto, o rapaz argumenta que todas as ilhas são desconhecidas, até que alguém possa desembarcar nelas.
Nessa parábola escrita por um dos reis da literatura portuguesa, José Saramago, percebemos como ser otimista, ter sonhos — mesmo que pareçam impossíveis aos olhos dos outros — nos faz navegar em busca de novas oportunidades e de si mesmo.
7. O Príncipe, Maquiavel
Escrito em 1513 por Nicolau Maquiavel e dividido em 26 capítulos, O Príncipe é uma espécie de guia sobre como chegar até o poder, além de conduzi-lo e se manter nele, sendo uma das teorias políticas mais populares até hoje.
Produzida no contexto da Itália renascentista, dividida entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados Papais, onde as disputas pelo poder eram constantes, Maquiavel dá consciência aos perigos e vantagens da política.
8. O Velho e o Mar, Ernest Hemingway
Saindo de 1513 e saltando para 1952, O Velho e o Mar é o último romance de Ernest Hemingway publicado em vida.
Trabalhando anos como pescador, Santiago não consegue apanhar um peixe sequer há 84 dias. Todos já acreditavam que o azar havia chegado para ficar. Porém, cheio de coragem, o pescador parte para o alto-mar, cheio de confiança de que conseguirá, sim, reverter a situação.
Se você quer se emocionar, essa fábula aparentemente simples vai te fazer lembrar da importância de acreditar em si próprio e perseverar em meio às dificuldades que surgem nesse caminho chamado vida.
9. Todos Contra Todos, Leandro Karnal
Mais uma sugestão de livros curtos e bons é Todos Contra Todos, do historiador Leandro Karnal. Nele, o autor aborda como projetamos no outro nossos próprios defeitos, aquilo que temos de ruim, especialmente por trás de uma tela de computador e em outras situações cotidianas da vida.
Para realizar essa análise, Karnal faz um panorama da dualidade vigente no país — “coxinhas contra petralhas, xenófobos, misóginos e homofóbicos contra imigrantes, o novo feminismo e os movimentos LGBT”, etc — e de como ela é capaz de trazer à tona as facetas mais obscuras do ser humano.
Um exemplo claro de que a violência faz parte do cotidiano de cada um de nós.
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10. A História do Mundo Para Quem Tem Pressa, Emma Marriott
Acho que já deu para notar que essas sugestões de livros passeiam por diversos gêneros, não é mesmo? E se você tem sede de conhecimento, esse pequeno guia vai te levar até os grandes eventos que dataram a humanidade, seja de forma trágica ou gloriosa.
Lembrando que, como o próprio nome sugere, os acontecimentos — das antigas civilizações até ações contemporâneas — são narrados de forma sintética, concisa, porém sem deixar de lado seu papel fundamental: o de ensinar!
11. O Existencialismo é um Humanismo, Jean-Paul Sartre
Da história para a filosofia, especificamente a do francês existencialista Jean-Paul Sartre, que viveu de 1905 a 1980, sendo um dos nomes mais representativos e expoentes da filosofia existencial.
Nesse texto circunstancial, apresentado em uma conferência e desenvolvido durante o percurso intelectual de Sartre, sua investigação filosófica dá início a uma nova aventura.
Aqui, o filósofo vai te apresentar a doutrina que acredita ser capaz de tornar a vida humana possível, na qual toda a verdade e toda a ação estão reféns daquilo que há de mais subjetivo na humanidade.
Uma das ideias mais emblemáticas da obra é a de que “a existência precede a essência”, ou seja, para o autor não somos definidos a priori, mas sim a posteriori. Primeiro existimos, depois desenvolvemos nossa essência, negando, assim, a ideia de uma natureza Humana ou de uma definição dada a nós por algo divino.
12. Put Some Farofa, Gregório Duvivier
O carioca Gregório Duvivier ganhou destaque após se tornar um dos criadores das esquetes para o canal de comédia Porta dos Fundos. Contudo, foi em uma coluna de crônicas no jornal Folha de São Paulo que ele pôde expressar seu ativismo político, inclusive com boas pitadas de humor e ironia.
E algumas delas resultaram em Put some Farofa, juntamente com alguns esquetes escritos para o Porta dos Fundos e até mesmo textos inéditos. Entre ficção, memórias da infância, artigos de opinião e muitas outras experimentações, o escritor formado em Letras pela PUC-Rio busca nas palavras uma forma de resistir.
“Nem todo bom humorista é um bom cômico, nem todo bom comediante é um bom ator e nem todo bom roteirista é um bom cronista. O Gregório Duvivier é tudo isso ao mesmo tempo e vice-versa. É econômico: você paga por um Duvivier e leva seis.” – Luis Fernando Verissimo
13. Divã, Martha Medeiros
Por falar em crônica, outra escritora renomada no gênero é Martha Medeiros. No entanto, um dos livros mais populares da também jornalista é Divã. Escrito em prosa, ele foi lançado em 2002 e chegou a ser adaptado para o cinema, contando com a atriz Lilia Cabral interpretando a personagem principal, Mercedes.
Casada e mãe de dois filhos, de repente a protagonista começa a frequentar um psicanalista e, quando se dá conta, está questionando tudo à sua volta no auge dos 40 anos, inclusive o matrimônio.
Em Divã, nossa última sugestão, você vai ter a oportunidade de rir e se emocionar com a crise existencial de Mercedes, uma mulher madura, bem-sucedida, mas que quer viver mais. Como ela própria costuma dizer, “nada é simples quando a gente sai à caça da própria alma”.
Gostou das nossas sugestões de livros bons e curtos? Elas podem ser aproveitadas em qualquer momento do seu dia, seja durante a semana ou em um domingo monótono, que pode se transformar com a leitura de um bom livro.
Aproveite para conhecer outras obras que, sejam elas pequenas ou não, podem te deixar ainda mais apaixonado ou apaixonada por literatura. Confira mais títulos clicando no banner abaixo. Boas leituras!