Um livro clássico é aquele que consegue atravessar gerações e, ao mesmo tempo em que transmite os valores da época em que foi escrito, consegue, de certa forma, se tornar atemporal e, por isso, continuar a ser escolhido como leitura mesmo com o passar dos anos. Neste post, trazemos a indicação de 11 livros clássicos brasileiros que certamente já marcaram a vida de muitos leitores — e podem marcar a sua também. Siga na leitura!
1. Dom Casmurro (Machado de Assis)
Machado de Assis é um inestimável personagem de nossa história e deixou sua marca na literatura por meio de uma grande coletânea de obras inesquecíveis. Muitas delas poderiam ser trazidas para esta lista, mas resolvi centralizar as atenções em Dom Casmurro.
É muito difícil encontrar um brasileiro que nunca tenha ouvido falar na história de Bentinho e Capitu, mas a nossa dica é para que você não se contente em ouvir falar e decida ler com seus próprios olhos.
No livro, acompanhamos a história de amor de Bento Santiago e Maria Capitolina, que começa ainda na adolescência e é atravessada por diversas turbulências e interferências externas até se concretizar e, então, começar a ser invadida por angústias, ciúmes e desconfianças.
Como a obra de Machado já está em domínio público, é possível encontrar Dom Casmurro em várias edições, inclusive em formato de história em quadrinhos. Dê uma olhada na lista abaixo com algumas opções.
2. Capitães da Areia (Jorge Amado)
Outro criador de grandes obras que ficaram marcadas em nossa literatura, Jorge Amado, em Capitães da Areia, teceu uma trama extremamente realista e de crítica social tão profunda e honesta que teve vários de seus exemplares queimados em praça pública na época da ditadura.
A história das crianças que moravam sozinhas em um trapiche abandonado e criavam seus próprios jeitos de vencer a vida está disposta, desde 1937, a nos jogar na cara a realidade desigual do país em que vivemos e que muita gente faz questão de tentar jogar para debaixo do tapete.
3. A hora da estrela (Clarice Lispector)
Além de ser um dos livros mais famosos de Clarice Lispector, A hora da estrela foi sua última obra. Publicada em 1977, pouco antes de sua morte, o livro apresenta a história de Macabéa, uma órfã solitária que nasceu em Alagoas e foi levada para o Rio de Janeiro, onde trabalha como datilógrafa e leva uma vida desinteressante, da qual também pouco espera alguma coisa. É impressionante como, por meio de sentimentos, Clarice consegue tirar água de pedra e nos deixar impactados com uma trama aparentemente simples.
4. Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa)
Nós, brasileiros, somos muito leitores de traduções. Por serem poucos os outros países que falam e, consequentemente, produzem obras em português, a imensa maioria dos livros estrangeiros que lemos nos chegam traduzidos. É claro que é incrível poder contar com o trabalho de tradutores excelentes, mas é maravilhosa também a oportunidade de ler histórias no original, sabendo que nada se perdeu.
Ler Grande Sertão: Veredas em sua versão original é um presente ao qual não podemos recusar, acreditem! O livro é um grande fluxo do personagem Riobaldo, que na primeira frase começa a contar sua história para um gringo que está de passagem pelo sertão de Minas Gerais, o qual ele vive desbravando, e… não para de falar nunca mais. Mestre em explorar a oralidade na escrita, Guimarães Rosa esculpiu uma pérola enquanto escreveu essa história e é impossível explicá-la: o negócio é ler.
5. Vidas secas (Graciliano Ramos)
Não é atoa que a personagem Baleia, uma cachorrinha, se consagrou tanto na literatura brasileira: foi a partir de um conto sobre ela que nasceu Vidas secas, o mais famoso romance de Graciliano Ramos.
Publicado em um jornal, o conto sobre a morte da cachorrinha de uma família de retirantes fez tanto sucesso que o autor recebeu a encomenda de escrever “o resto”, e assim o fez: escrevendo outros contos sobre a jornada da família.
Publicados, em 1938, como um romance de treze capítulos que podem ser lidos em qualquer ordem, esses contos já marcaram algumas gerações e, certamente, têm outras para marcar pela frente.
6. Triste fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto)
No irreverente e debochado Triste fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto nos apresenta um personagem extremamente nacionalista e conservador que, por amor ao seu país, não quer de jeito nenhum que ele ande para o futuro e vira motivo de piada para todos os que estão à sua volta.
A obra é sempre um convite à reflexão sobre o quão nocivo pode ser o extremismo. Como a obra de Lima Barreto, assim como a de Machado, está em domínio público, é possível encontrar várias edições do livro à venda. Confira algumas opções:
7. O Quinze (Rachel de Queiroz)
Rachel de Queiroz tinha apenas 20 anos quando publicou O Quinze, seu livro de estreia, que fala sobre a terrível seca que assolou o Ceará em 1915. Na história, acompanhamos o período pelos olhos de Conceição, uma professora solteira de 22 anos que vive em Fortaleza e passa suas férias na fazenda da família.
É justamente ao longo dessa passagem que a seca começa a se agravar e ela começa a falar sobre a seca destruindo as plantações e os pastos enquanto os fazendeiros são obrigados a abrir mão de seu gado e, até mesmo, de sua terra, para buscar sustento em outro lugar.
Livros que fazem alusão a momentos históricos reais nunca envelhecem, e são complementos perfeitos para nos ensinar para além das aulas de história.
8. As meninas (Lygia Fagundes Telles)
Em As meninas, Lygia Fagundes Telles, em um ato de grande coragem, fala da ditadura no Brasil enquanto ela ainda acontecia. O livro foi publicado em 1973, ano em que a história também se passa, e nela acompanhamos três jovens universitárias que moram em um pensionato de freiras e começam sua vida adulta de modos e com aspirações bastante diferentes.
Ao longo do desenrolar da narrativa, aplaudida tanto pela crítica quanto pelo público, Lygia deixa claras fortes críticas sociais e políticas que tinha ao modo como as coisas estavam sendo conduzidas no Brasil na época. Leitura obrigatória para quem sabe da importância de entender o nosso passado.
9. Auto da compadecida (Ariano Suassuna)
E quem disse que livro clássico só pode ser romance? Auto da compadecida é uma peça de teatro que mistura diversos elementos da cultura brasileira, em especial a nordestina, já que Ariano Suassuna era paraibano.
Dividida em três atos, a peça começa quando os impreteríveis Chicó e João Grilo (imortalizados no cinema por Matheus Nachtergaele e Selton Mello) tentam convencer um padre a benzer e enterrar o cachorro de sua patroa — e tirar vantagem financeira disso. A partir daí a confusão é tanta que é melhor nem falar mais nada, e sim te incentivar a conferir você mesmo no livro.
10. A Falência (Júlia Lopes de Almeida)
Não é porque uma autora passou tantos anos esquecida do público e, até mesmo, das aulas de literatura, que sua obra perde o posto de clássica. Nos últimos anos, Júlia Lopes de Almeida (autora que participou da fundação da Academia Brasileira de Letras e não pôde acessá-la por ser mulher) vem sendo redescoberta.
Em seu livro A Falência ela faz, com maestria, um ácido retrato da burguesia urbana brasileira do final do século XIX, que se baseava no sucesso das plantações de café — como se ele fosse garantido. Os alicerces da família protagonista da história se rompem em paralelo aos do país, expressando a falência em diferentes frentes.
11. Quarto de Despejo (Carolina Maria de Jesus)
Mesmo nos dias de hoje, ainda existem críticos literários e estudiosos que resumem os clássicos a livros que fazem parte do cânone. Para deixar clara minha ojeriza a isso, finalizo essa lista em grande estilo, com a necessária obra de Carolina Maria de Jesus simbolizada pelo seu Quarto de Despejo.
Com o subtítulo de “diário de uma favelada”, o livro é, de fato, uma compilação de passagens do diário de Carolina, a catadora de papel que morava na comunidade, via seus filhos passando fome e usava o poder de sua escrita e de seus registros para tentar melhorar sua vida. Ele é um retrato latente da desigualdade social que assola o Brasil e deveria constar como leitura obrigatória em todas as escolas de Ensino Médio do país.
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Atualizado em 2024-11-23 / Links afiliados (Affiliate links) / Imagens de Amazon Product Advertising API