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Livros distópicos: conheça mundos onde não queremos chegar

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O conceito de distopia é o contrário de utopia. Se a utopia é a ideia de uma civilização perfeita e, por isso, inalcançável, a distopia apresenta uma proposta negativa de sociedade, geralmente assolada por problemas ambientais ou dominada por governos totalitários. 

Ler uma distopia é sempre uma experiência incômoda e por vezes assustadora. Os livros parecem avisos de como o mundo pode acabar mal se continuarmos seguindo o caminho que estamos traçando. De qualquer forma, são livros excelentes para suscitar a reflexão – ou só para a gente respirar aliviado e pensar que pelo menos ainda não chegamos a esse ponto. Entusiasta do gênero, trouxe aqui algumas sugestões de leitura para quem está buscando livros distópicos.

1. Nós 

Não tinha como não começar a lista com essa obra que é considerada a distopia original, que criou o gênero e inspirou a escrita dos outros grandes clássicos distópicos. No livro, o autor russo Ievguêni Zamiátin criou um governo totalitário chamado Estado Único que privou a população de todas as suas liberdades e direitos fundamentais em nome do “bem da sociedade”. 

Neste mundo totalmente fundamentado na rigidez e na lógica, as pessoas não possuem nomes (e sim, números) e é o Estado que decide absolutamente tudo sobre suas rotinas. É uma obra muito importante para descobrirmos como foi que a distopia nasceu e viria a se tornar o que é hoje.

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2. 1984

Um dos maiores expoentes do gênero, o romance de George Orwell também propõe um governo totalitário, no qual o “Grande irmão” está sempre vigiando nossas ações através de câmeras que nunca podemos desligar. Sim, se o nome te remeteu ao Big Brother, saiba que o livro foi a inspiração para o formato do reality show. 

1984 tem mais de 10 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo e conta a história a partir do ponto de vista de Winston Smith, que vive nessa sociedade onde o pior crime é ter a mente livre. A mentira foi institucionalizada e o governo está sempre apagando a verdade e criando um passado que nunca existiu, mas do qual as pessoas precisam se lembrar. 

Ao longo da história, Winston arrisca sua vida ao se envolver com uma Organização Secreta que luta contra o governo. Como isso vai acabar? Você vai ter que ler para saber, mas já adianto que é um dos finais mais inesperados e geniais que já encontrei na literatura. 

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3. Estação Onze

Esta indicação já se difere das anteriores por não ter um foco tão político. Em Estação Onze, Emily St. John Mandel nos mostra um mundo que foi destruído por um vírus da gripe extremamente letal. As pessoas morriam poucas horas após adquirir o vírus e, quando mais de 90% da população morre… somos obrigados a lembrar que tudo é conduzido por seres humanos.

As companhias de energia, água, gás, alimentação, internet, todas caem porque não existem mais pessoas para trabalhar nelas. As poucas pessoas que sobraram vivem uma vida itinerante, tentando recriar a humanidade. 

A autora conduz sua história em duas linhas do tempo: o momento em que o vírus aparece e, anos depois, enquanto acompanhamos um grupo de sobreviventes que criou uma companhia de teatro itinerante por acreditar que só a arte salva e faz sentido em meio ao caos. Em uma obra extremamente interessante, a princípio voltada para o público jovem, Emily discute saúde, meio ambiente, política, arte e religião com maestria. Livro imperdível!

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4. O conto da aia 

O livro da escritora canadense Margaret Atwood foi publicado pela primeira vez na década de 80 e tornou a ganhar destaque nos últimos anos por conta da exibição da série Handmaid’s Tale, baseada na obra. O conto da aia é um expoente do sub gênero distópico que engloba as distopias de gênero pautadas nas discussões de desigualdade entre homens e mulheres.

No romance conhecemos, através da protagonista e narradora Offred, a república de Gilead, que já foi os Estados Unidos. Nessa república não existe mais acesso ao conhecimento, as universidades foram extintas, bem como qualquer publicação escrita. Todos os cidadãos são considerados criminosos até que se prove o contrário e não existem mais advogados, já que ninguém tem direito a defesa. 

As pessoas são divididas em castas e, nesse Estado totalitário, as mulheres são as principais vítimas de um sistema de opressões sem precedentes. Com o próprio título diz, a personagem que nos conta a história é uma aia. As mulheres pertencentes a essa casta tem a “função” de dar um filho para casais inférteis. Ela deve morar na casa do casal, passar por estupros recorrentes até que engravide, parir o bebê, deixar a família e partir para a casa do próximo casal. Dá para imaginar uma situação como essa? 

Lendo o livro, infelizmente, dá para imaginar e concluir que essa realidade não é tão distante quanto a gente pensa. Precisamos estar constantemente de olho no nosso presente para que ele não se torne esse futuro. 

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5. A idade dos milagres

Voltada para o público mais jovem, a distopia de Karen Thompson nos mostra um momento do mundo em que a velocidade de rotação da Terra começa a diminuir progressivamente. Com isso, os dias e noites vão se tornando cada vez mais longos, a gravidade é afetada e o meio ambiente entra em colapso. 

Enquanto algumas pessoas entram em estado de pânico, outras tentam continuar a viver como se nada estivesse acontecendo, inclusive seguindo o calendário normal. Acompanhamos uma personagem que está passando pelo vendaval de mudanças da adolescência e, em meio a tudo isso, ainda tem que encarar a “nova normalidade” do mundo e um cenário cada vez mais desalentador. 

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6. A parábola do semeador

A distopia de Octavia Butler, escritora considerada a dama da ficção científica, nos revela um mundo nada distante, assolado pelo caos das mudanças climáticas. Acompanhamos a história através dos registros de diário de Lauren Olamina, uma adolescente que está constantemente se preparando para o dia em que até mesmo sua conturbada realidade irá se dissolver. Quando seu bairro e sua família são destruídos por um grande incêndio, ela parte em sua jornada em busca de melhores condições de vida e da criação de sua religião, a “Semente da Terra”.

A Semente da Terra prega que Deus é mudança e que, por isso, o mundo está passando por tantas. Tem-se que buscar uma nova forma de viver, um novo caminho para prosperar em meio à tanta abstinência e violência. Há momentos em que a história de Octavia mais parece uma obra de terror – mas o que aterroriza é justamente o fato de ela parecer absolutamente provável. 

A parábola do semeador é o primeiro da duologia Semente Terra, seguido por A parábola dos talentos. Vale conhecer!

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7. Jogos Vorazes

Nessa trilogia distópica voltada para o público jovem, Suzanne Collins nos apresenta Panem, a nação que surgiu com a derrocada da América do Norte. A nova nação é formada por doze distritos e comandada com rigidez pela Capital, que demonstra seu poder sobre o resto do país através dos Jogos Vorazes. O evento anual, obrigatoriamente transmitido em todos os televisores do país, consiste em uma competição para a qual um casal de jovens de cada distrito deve ser enviado.

Na arena dos Jogos Vorazes, eles são obrigados a lutar até morrer: o jogo só acaba quando resta apenas um sobrevivente. Acompanhamos a história através da protagonista narradora Katniss, moradora do empobrecido distrito 12, que se sacrifica indo para os jogos no lugar de sua irmã mais nova e passa a lutar, então, para atacar o sistema. O inimigo não são os outros jovens e ela sabe disso. 

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8. VOX

Considerado o “conto da aia contemporâneo”, VOX também é uma distopia de gênero que se passa em uma sociedade teocrática que tem o objetivo de tornar o mundo o que ele era antes. No mundo como era antes, as mulheres abaixavam a cabeça e aceitavam seu lugar de inferioridade. 

A arma que o governo totalitário utiliza para conter essas mulheres é, justamente, o impedimento da comunicação. Pouco depois de nascer, as meninas já ganham pulseiras que contam suas palavras: a cota diária é de 100. A partir da 101ª elas começam a levar choques que, na insistência, podem se tornar mortais. O objetivo do governo é acabar com as pulseiras, chegando a uma geração em que as meninas simplesmente já sabem que não podem falar e simplesmente não o fazem. 

Quem nos conta a história é a linguista Jean, a quem, obviamente, a comunicação é extremamente cara. Casada com um homem, mãe de três meninos e uma menina, ela vive os reflexos e consequência desse governo dentro de sua casa – e nos conduz em sua luta tardia contra o governo: por que ela esperou a sociedade chegar a esse ponto se os indícios estavam ali o tempo todo? 

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9. Ensaio sobre a cegueira

Sabe que eu nunca ouvi falar desse livro como uma distopia? Talvez esteja sendo ousadíssima em categorizá-lo assim eu mesma (quem sou eu para categorizar um clássico). Mesmo assim, resolvi trazê-lo aqui, já que meu propósito está longe de ser acadêmico. Considero Ensaio sobre a cegueira uma distopia porque o livro mostra um momento de pandemia de cegueira que atingiu as pessoas e se espalhou de um dia para o outro.

Em que a sociedade e as pessoas se transformam em meio a essa pandemia? Quais sombras, sujeiras e fantasmas vem à tona? Uma situação limite traz o melhor ou o pior das pessoas? Bem, se estou dizendo que a obra me soa como distopia, vocês já podem imaginar a resposta. Para mim, José Saramago retrata, neste livro, a podridão da humanidade de maneira que nunca consegui ver em outro lugar. Leitura imperdível.

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Acho que, com esses títulos, dá para ter uma boa ideia das possibilidades que o gênero da literatura distópica tem a explorar. Eles nos lembram de que temos que estar sempre atentos: a construção dos mundos onde não queremos chegar acontece diariamente, debaixo de nossos narizes. Boa leitura e boas reflexões!

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