Estátua da Clarice Lispector no Rio de Janeiro.

15 melhores livros de literatura brasileira para quem ama ler

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Com obras de diferentes períodos, os melhores livros de literatura brasileira conquistaram este título devido a questões estilísticas, de linguagem, de expressão do meio histórico-sociocultural e, também, por apresentarem narrativas incríveis e que serviram de base para outras criações no futuro.

Extremamente densa, bem construída e de suma importância para a história do país, a literatura brasileira reúne títulos e escritores que conquistaram reconhecimento em âmbito internacional. Literatos como Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu, inclusive, mantinham contato com outras escritoras famosas, como Hilda Hilst.

Entre tantas obras incríveis e com traços particulares, escolher qual livro da literatura brasileira será lido e estudado pode parecer uma espécie de desafio. Por isso, separamos 15 títulos famosos entre o Modernismo e a Contemporaneidade para te ajudar a encontrar aquele que mais se encaixa no seu ritmo de leitura. Confira!

1. Macunaíma

Escrito por Mário de Andrade, Macunaíma é considerada a obra-prima do autor, que participou da Semana de Arte Moderna e contribuiu artisticamente com outros títulos, como Há uma gota de sangue em cada poema, Amar, verbo intransitivo e Paulicéia desvairada.

É um livro muito aclamado por demonstrar, com excelência, as habilidades de estudo folclórico e histórico de Andrade, que criou a narrativa de um índio sem caráter responsável por romper de forma definitiva a figura do herói criada até então.

A obra pertence à primeira fase do Modernismo, e isso fica evidente na construção da história que mistura a figura do indígena de forma não romantizada, como a literatura fazia até então, com elementos atuais para a civilização da época, como a grande e acelerada industrialização de São Paulo.

Macunaíma, protagonista da história, é um índio que funda, nos estudos artísticos, o nome de anti-herói. Ou seja, não queria trabalhar ou salvar o mundo e, se fosse possível, viveria na vida boêmia o máximo que conseguisse.

A figura do índio gera, ainda hoje, inúmeras discussões na área, tendo em mente que algumas análises o definem como um retrato do povo brasileiro, principalmente por seu caráter ambíguo, controverso e indefinido.

Mário de Andrade cria uma aventura repleta de elementos mágicos e envolvente que elucida, de forma direta, a prematuridade do Brasil e a necessidade de definirmos qual seria nossa identidade de forma desconexa às características colonizadoras.

É um marco para a literatura contemporânea, tornando-se um livro famoso e muito importante, além de possuir uma leitura dinâmica e agradável.

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2. O Quinze

Romance de estreia da renomada escritora Rachel de Queiroz, O Quinze narra a grande seca de 1915 que marcou o sertão do Nordeste e a infância da autora. A história acontece em 16 capítulos divididos em dois focos principais.

O primeiro deles é a vida de Chico Bento, um vaqueiro lidando com a falta d’água. Já o segundo acompanha a relação de Vicente, um criador de gado rude, e de Conceição, uma professora culta e estudada.

Conceição é conhecida como a grande voz da segunda fase modernista dentro da obra, com afirmações e referências feministas e socialistas em sua construção como personagem. A ótica histórica sobre o sertão e sua junção com Conceição torna O Quinze um romance social e psicologicamente focado nos protagonistas graças ao narrador onisciente.

Outra referência à escola literária está na característica principal da obra, seu caráter regionalista que se apoia nos territórios brasileiros para criar um ambiente que demonstre aspectos nacionais.

Além de sua contribuição para um olhar mais humano e realista da realidade nordestina, o título também é marcado pela migração em busca de realização dos sobreviventes da seca para a cidade grande e o terreno árido desta mudança.

É uma obra forte e pautada em vivências reais que foi narrada de forma simples e com uma linguagem direta graças ao talento de Rachel de Queiroz, uma das maiores vozes femininas na literatura brasileira.

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3. Vidas Secas

Assim como O Quinze, Vidas Secas é uma obra da segunda fase do Modernismo marcada pelo traço regionalista do movimento. Também tendo como base a escassez de água, no livro conhecemos a vida miserável de uma família de retirantes pelo Nordeste.

O escritor, Graciliano Ramos, conseguiu criar uma narrativa que se consolidou como uma referência modernista. O trabalho estilístico do autor foi tamanho que a secura da obra se inicia na linguagem – curta e praticamente sem adjetivos – e se estende para a personalidade das personagens, com hábitos e características praticamente animalescas.

A família é constituída de Fabiano, Sinhá Vitória, Menino mais velho, Menino mais novo, papagaio, e a cachorra Baleia, que é conhecida por ser a protagonista mais humana de toda a obra, com sonhos, pensamentos e ações importantes para que o leitor compreenda os desdobramentos das identidades.

Vidas Secas é uma obra marcada pela escassez completa. Não é só a água que falta, mas laços de afeto, de humanidade e de pessoalidade na vida de cada personagem. É, sobretudo, um reflexo de como as condições em que estamos sujeitos afetam nosso comportamento.

Não é o título mais fácil de ser lido ou o mais dinâmico da lista, mas é, com absoluta certeza, uma das obras de mais destaque no cenário literário brasileiro.

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4. Morte e Vida Severina

Outra obra que dialoga sobre a dificuldade em se viver na região seca do Nordeste brasileiro, Morte e Vida Severina é uma obra poética, criada inteiramente em rima, da terceira fase do Modernismo – também conhecido como Geração de 45.

Durante o poema, é narrada a história de Severino, um nordestino que deixa o sertão para começar uma trajetória até o litoral e tentar melhores condições de vida. Durante a viagem, encontra outras pessoas como ele e passam a fazer a viagem juntos.

Por mais que muito bem construído e com um respeito à métrica honrável, o poema de João Cabral de Melo Neto não tenta suavizar as dificuldades da vida do nordestino e de sua travessia. Marcado pela aridez, por mortes e por injustiças, Morte e Vida Severina é o espelho de uma realidade dura e não romantizada.

As características regionalistas da segunda fase do Modernismo estão presentes na obra, que a engloba com traços específicos da Geração de 45, como o retorno e a homenagem à forma poética, a temática social e as influências Parnasianas e Simbolistas.

Em 2010, o livro foi adaptado para o cinema pelo cartunista Miguel Falcão em parceria com a TV Escola, criando uma animação detalhista e que faz jus à beleza da obra de Cabral de Melo Neto. O longa foi disponibilizado no YouTube de forma gratuita pela produtora e pode ser assistido completamente abaixo.

Morte e Vida Severina, produzido pela TV Escola
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5. Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

Um livro escrito por Clarice Lispector e que é razoavelmente desconhecido quando comparado a outras obras da autora, como A Hora da Estrela ou Laços de Família.

É importante frisar que a falta de reconhecimento não acontece por defeitos na obra ou por não ser excelente, afinal, ela é. Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres pertence à terceira fase do Modernismo e honra a quebra da estética tradicional como o movimento solicita.

Além de brincar com a linguagem, com as vírgulas, as quebras de parágrafos e a própria narrativa – que começa com uma vírgula, elucidando como sempre conhecemos as pessoas no meio do caminho –, Clarice demonstra o porquê de ser considerada uma escritora única ao falar sobre amor-próprio de uma forma honesta e demonstrativa do processo que é a tarefa.

O livro conta a história de Lóri, uma professora infantil, e de Ulisses, seu par romântico que nega envolvimento com a protagonista até que ela aprenda a se amar primeiro. A obra é um convite para pensarmos como a forma com que nos relacionamos com nós mesmos influencia todos os nossos laços pessoais.

É, também, uma homenagem a um processo longo, porém necessário, de autocuidado. É um dos melhores livros de literatura brasileira escritos por Clarice, dentre tantos títulos incríveis, e merece ser lido com atenção.

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6. Incidente em Antares

Também pertencente à segunda fase do Modernismo, Incidente em Antares é uma obra regionalista e social que narra os acontecimentos de uma pequena cidade. É o último livro de Érico Veríssimo e conta com a presença do fantástico para estabelecer um caráter crítico e até cômico.

Dividido em duas partes, denominadas “Antares” e “O Incidente”, o livro conta a história da cidade em que morrem sete pessoas, as quais não são enterradas graças à greve dos coveiros. Sem um funeral, os defuntos levantam e começam a vasculhar a vida corrupta dos vivos, sem se preocupar com represálias devido à condição de mortos.

Por mais cômico que seja o incidente, ele é a arma encontrada por Veríssimo para tornar público a deficiência moral da sociedade que, claramente, sai da literatura e tange a vida real. É uma obra crítica e perfeita para leitores que buscam por ficção brasileira.

O título, que evidencia, também, a repressão militar e a industrialização brasileira, já se tornou uma minissérie pela Rede Globo em 1994 e duas peças teatrais, uma de 2005 e outra de 2012.

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7. Memórias Póstumas de Brás Cubas

Escrito por Machado de Assis, esse é, talvez, o livro de literatura brasileira mais famoso da história. Desenvolvido como folhetins, publicados mensalmente em jornais, Memórias Póstumas de Brás Cubas reúne as lembranças de um eu-lírico já morto e que, após falecer, decide contar suas histórias e tornar público os escândalos e demais casos.

Além de ser a inauguração do Realismo em terras brasileiras, Memórias Póstumas é considerado, por muitos, o primeiro livro de literatura fantástica criado em território brasileiro.

Como traço da escola e da narrativa de Machado, o livro possui uma grande abordagem histórico-social, tornando público diversos costumes da elite carioca do século 19 que muitos gostariam de esconder, como traições, corrupção e boemia.

Repleto de romances, aspirações, falhas, conquistas e outras experiências, a obra é praticamente uma autobiografia ficcional criada por um defunto-autor que a dedica “ao verme que primeiro roer as frias carnes de seu cadáver”.
A presença da sociologia no livro é um fato, graças à sua análise do meio e das questões históricas do Brasil, como a escravidão e a formação da elite da época. Memórias Póstumas é grandemente influenciado pelo darwinismo social e pelas ideias positivistas de Comte, o que garante um tom de experimentação e de adaptação ao título.

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8. A Paixão Segundo G.H.

Outra obra da aclamada Clarice Lispector, A Paixão Segundo G.H. é um de seus títulos mais estudados graças à sua contribuição com os estudos sociais e, principalmente, de identidade.

Após demitir sua empregada, a personagem identificada como G.H. tenta limpar seu quarto e, após esmagar uma barata, perde completamente sua individualidade. A falta de nome para G.H. é uma das características da Geração de 45 de Clarice, que visa universalizar a personagem.

O livro é construído de forma criteriosa e sistemática, de modo que cada capítulo se inicia com a mesma frase que fechou o anterior, uma marcação ao fluxo de consciência tão comum e presente nas criações de Lispector.
A Paixão Segundo G.H. é, também, um livro sobre a forma como a linguagem cerca um ser que, muitas vezes, não consegue se libertar devido às amarras das palavras. Além de um livro lindo e forte, é profundo em teorias e que colabora, ainda hoje, para a academia literária.

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9. Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios

Para quem busca um livro de literatura brasileira contemporâneo que tenha um romance bem construído, poético e envolvente, a obra de Marçal Aquino é a melhor das opções.

Com uma linguagem simples e mais próxima da atual, devido ao ano de lançamento do livro – 2005 –, Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios é a história de amor de Cauby, um fotógrafo aventureiro, e Lavínia, uma mulher bela e misteriosa.

O plano de fundo da obra, marcada pela brincadeira entre passado e presente, é a guerra entre  garimpeiros e donos de garimpo, ilustrando a corrida do ouro e o presente duelo de forças existente no Pará.

A obra reúne citações magníficas, que surpreendem o leitor e conquistam o carinho. O romance se constrói utilizando da questão poética por trás da prosa, o que confere uma característica pessoal e gera uma conexão com os protagonistas.

Para quem está procurando um livro para começar na literatura brasileira, é uma ótima pedida devido à linguagem mais simples e atual.

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10. Fora de Mim

Fora de Mim é uma obra da cronista e romancista contemporânea Martha Medeiros na qual a autora cria uma narrativa cuidadosa, apaixonante e até visceral vivida por muitas pessoas durante a vida: o fim de um relacionamento.

Com o cuidado da poética cotidiana que Martha sabe trabalhar com tanta excelência, a autora cria a história de uma personagem sem nome que viveu um grande amor, capaz de tirá-la de si. É justamente essa tomada que torna o livro importante e um marco na literatura brasileira contemporânea. 

A protagonista descobre como viver o que ela chama de “depois”. É uma obra dessas que parar de ler é praticamente impossível, curta e cheia de significação. Outra ótima escolha para quem não está acostumado com a literatura clássica, mas quer explorar a arte nacional.

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11. Você Nunca Mais Vai Ficar Sozinha

Tati Bernardi é uma das grandes referências quando o assunto é literatura contemporânea do Brasil e, em seu mais novo livro – Você Nunca Mais Vai Ficar Sozinha –, ela utiliza de uma vivência real para criar uma narrativa cheia de humor, exagero e neurose.

A prosa rápida e cheia de empatia demonstra o caráter adaptável da autora enquanto narra a vida de Karine após ouvir de sua mãe a frase do título ao contar que está grávida de uma menina.

É um convite para pensar as relações pessoais, a maternidade e o psicológico de uma personagem que está iniciando a maior aventura de sua vida: ser mãe. É uma obra recente, porém aclamada e já um sucesso de vendas.

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12. Morangos Mofados

Para os amantes de contos e histórias rápidas, Morangos Mofados é uma obra obrigatória na estante. Escrita por Caio Fernando Abreu, autor LGBTQIA+ da Geração de 45, o livro é considerado o apogeu do literato.

Com mais de 15 contos divididos em três partes – O Mofo, Os Morangos e, por fim, Morangos Mofados –, é um livro de caráter denunciativo e político, repleto de solidão, dor, marginalização e exclusão.

Para quem quer conhecer mais a fundo o escritor famoso nas redes sociais, trata-se de uma boa escolha, já que muitos dos textos originam citações poderosas e apaixonantes. Foi, inclusive, considerado o Livro do Ano pela Istoé em 1982.

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13. Becos da Memória

Escrito por uma mulher negra e considerada a maior voz da literatura contemporânea brasileira atualmente, Conceição Evaristo, Becos da Memória é uma das maiores obras memorialistas já escritas no país.

Utilizando de suas lembranças pessoais e de suas experiências, Conceição dá vida a personagens marcadas pelo desamparo, pelo preconceito, pela fome e pela miséria. É um livro que contempla grupos marginalizados e que aborda como o racismo é um marco estrutural na sociedade brasileira.

Becos da Memória já foi edição especial em clubes do livro, é pauta de estudos em diversas áreas das ciências humanas e, sem dúvidas, é uma obra indicada para todos os amantes de arte nacional.

Evaristo já se tornou um dos maiores nomes femininos do país graças à sua habilidade de escrever de forma honesta e aberta sobre temáticas importantes e que precisam ser discutidas, como vidas negras.

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14. Quarto de Despejo

Mais uma obra contemporânea de literatura marginalizada e que tem um valor imenso para nossa literatura. Quarto de Despejo é um livro escrito por Carolina Maria de Jesus, uma catadora de lixo, negra, mãe solteira e com acesso aos estudos por apenas dois anos.

Trata-se de um livro de caráter biográfico, na qual cerca de 20 escritos descrevendo a vida da favela foram reunidos. É uma obra que revela o cotidiano de um grupo social ao qual outros geralmente não têm acesso, demonstrando como é a realidade de pessoas sem direitos básicos.

A narrativa de Carolina parte de suas experiências e, por conta disso, torna-se tão social. A contribuição da obra para a literatura brasileira é gigantesca, visto que não apenas deu voz a uma minoria como também fogiu do português padrão, já que foi escrita por alguém sem instrução avançada.

Além de ser uma fonte de conhecimento, a narrativa é extremamente emocionante e envolvente, tornando-a um marco para a arte nacional.

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15. O Fim em Doses Homeopáticas

O último livro da nossa lista demonstra uma das características mais fortes da literatura, que é a força do leitor. O Fim em Doses Homeopáticas é o último livro do criador da página do Facebook Textos Cruéis Demais para Serem Lidos Rapidamente, Igor Pires.

O livro de textos poéticos, ilustrado por Anália Moraes, explora as fases de um relacionamento em quatro partes, do início ao término, com relatos íntimos de como o eu-lírico se sente durante a relação.

Sucesso de vendas em todo o país, é um bom exemplo de como a literatura contemporânea continua sendo produzida e reinventada, saindo, às vezes, de plataformas utilizadas diariamente por milhares de pessoas.

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Em suma, seria praticamente impossível reunir todas as obras que constituem nossa expressão artística textualmente. A literatura brasileira é repleta de livros consagrados e incríveis que conquistaram e conquistam cada vez mais espaço nas estantes e no coração dos leitores.

Cada movimento origina títulos que marcam gerações e demonstram não apenas a cultura da época, como também a sociedade e a história por trás das décadas. A dica, para quem quer começar a ler estes materiais, é começar por livros mais acessíveis e ir se aprofundando.

Assim, não sente tantas dificuldades linguísticas e consegue tirar, de cada obra, aprendizados, mensagens e experiências únicas. 

Quando falamos de literatura brasileira, você já tem um preferido? O que mais gostou de estudar? Comenta com a gente qual é, assim, reunimos referências para a próxima coletânea de títulos nacionais!

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