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Livros de George Orwell: conheça as principais obras do autor

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Nascido na Índia no início do século 20, Eric Arthur Blair foi morar na Inglaterra ainda pequeno. Quando jovem, integrou a Polícia Imperial Britânica, fez missões na Birmânia (atual Myanmar), Londres e Paris e, aos quase 30, começou sua carreira como professor.

Foi nessa época que assumiu seu pseudônimo como o escritor de livros: George Orwell. Desde os primeiros trabalhos, demonstrava forte personalidade e criticismo político, o que lhe acompanhou por todas as suas obras.

Orwell assina obras definitivas da ficção e da distopia moderna. Quer conhecer mais a fundo as obras desse autor que marcou a história da literatura mundial? Acompanhe nosso post até o fim!

1. Dias na Birmânia

Para escrever seu primeiro romance, George Orwell se inspirou no período de oito anos que passou na Birmânia (à época, colônia da Inglaterra) atuando como policial imperial. 

O personagem principal é o inglês John Flory, um madeireiro que discorda da submissão que os birmaneses têm em relação ao seu povo. Ele convive e tem muita compaixão pelos nativos da Birmânia, o que chega a ser mal visto por seus conterrâneos, que o julgam um “bolchevique”.

Flory faz parte do Clube Europeu, que era ponto de encontro dos ingleses que moravam na Birmânia. A trama do livro começa quando a Coroa Britânica exige que essa associação aceite um membro nativo, como forma de fortalecer os laços com a colônia.

O primeiro candidato é o Dr. Veraswami, um médico (ou seja, membro de uma classe social elevada dentro da sociedade birmanense), amigo de Flory, mas que enxerga a si mesmo e ao seu povo como inferior aos britânicos.

O outro elegível é o magistrado indiano U Po Kyin, um homem corrupto e ambicioso, cujo sonho é integrar o Clube Europeu e, por isso, fará de tudo para derrubar o Dr. Veraswami e ficar com a vaga. 

Durante a trama, Flory vive um romance com Elizabeth Lackersteen, moça inglesa recém chegada da França, porém que não goza de sua mesma empatia para com o povo nativo e, algumas vezes, sequer a entende.

Desde esse romance, Orwell provoca o leitor a pensar sobre liberdades individuais, como o direito ao pensamento e à expressão, um debate frequente em seu trabalho posterior. Ele também trata do vínculo entre o colonizado e o colonizador, explorando os subprodutos dessa relação – os “benefícios” e os inúmeros malefícios. 

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2. A Flor da Inglaterra

Lançado em 1936, o livro já teve diversos nomes: em inglês, já foi publicado como Keep the Aspidistra Flying e A Merry War; já no Brasil, teve edições como Mantenha o Sistema, Moinhos de Vento e A Flor da Inglaterra.

A trama, ambientada na década de 1930, acompanha o londrino Gordon Comstock. Membro de uma típica família de classe média-baixa, ele é a esperança de sua mãe viúva e sua irmã para trazer prosperidade e riqueza à sua casa.

Em oposição a isso, Gordon vive em uma sociedade refém e escrava do dinheiro – ou “deus dinheiro”, como costuma chamá-lo –, em que todos os seus problemas teriam origem na relação com o capital. 

Se negando a se tornar um escravo, ele entra em uma paranoia e declara guerra contra o dinheiro: impede a si mesmo de ter um bom emprego, morar em um bom lugar e até de aproveitar bons momentos de sua vida.

Sua namorada, Rosemary Waterlow, aparece ao leitor muitas vezes como mediadora dos pensamentos extremos de Comstock. Ela tenta ser compreensiva com as ideias do companheiro, por mais que isso lhe afete de alguma maneira.

O livro de George Orwell é bem-humorado e utiliza alegorias para tratar dos exageros do sistema capitalista, mas também de quem o critica. Vale ressaltar que esse livro foi lançado em um contexto pós-guerra, marcado pela recém-instaurada Revolução Russa e pelo crescimento de movimentos totalitários.

A própria “flor da Inglaterra”, citada no título, é a aspidistra, uma planta que durante a Era Vitoriana era sinônimo de riqueza, porém, com o passar do tempo, tornou-se algo popular e associado à classe média britânica.

Como a aspidistra se desenvolve em locais com pouca luminosidade e até ares de baixa qualidade, ela é uma analogia valiosa para representar essa casta da sociedade: resiliente, que tem esperança pelo próprio crescimento, embora as circunstâncias atuem na contramão. 

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3. A Revolução dos Bichos

Também chamado em algumas edições como A Fazenda dos Animais, esse é um dos trabalhos mais notáveis de Orwell, se firmando como pedra fundamental da literatura do século 20.

A história começa quando Velho Major, o porco mais velho da fazenda, reúne a todos os demais em seu leito de morte e convence-os de que eles trabalham apenas para fornecer recursos aos humanos, e poderiam ser mais felizes se eles mesmos assumissem o controle.

A partir disso, os porcos Napoleão e Bola de Neve assumem a liderança e, junto dos demais animais, expulsam o dono da fazenda. Ambos ficam responsáveis por elaborar regras, delegar funções e servir como mediadores.

A princípio, a fazenda começa a funcionar muito bem sob controle dos próprios animais, e todos desempenham seu papel com muito esmero. Porém, com o poder centralizado em suas mãos, os porcos Napoleão e Bola de Neve começam a contribuir para a estratificação social dessa nova sociedade.

A Revolução dos Bichos é escrita em formato de fábula para satirizar a recente Revolução Russa que deu origem à União Soviética. Mesmo tendo um posicionamento político mais à esquerda, identificando-se como Social Democrata, Orwell tinha inúmeras críticas ao totalitarismo e à truculência do regime comunista da Rússia.

Novamente, o autor leva o leitor a pensar sobre a relação entre oprimido e opressor, relações de trabalho e outras questões inerentes à sociedade moderna. Apesar de todas as alegorias, é uma leitura leve, de pouco mais de 100 páginas.

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Por ser um clássico instantâneo, A Revolução dos Bichos tem inúmeras capas e edições pelo mundo, muitas delas ilustradas por grandes artistas, e que proporcionam uma nova interpretação da obra.

Uma delas é a versão de Talita Hoffmann, lançada em fevereiro de 2021. A ilustradora e designer brasileira imprime seu estilo à obra de Orwell por meio de desenhos e pinturas achatadas, com uma diferente percepção de profundidade. Essa edição ainda acompanha um pôster exclusivo. 

Foto: Talita Hoffmann/Divulgação.
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4. O Cami­nho para Wigan Pier

Ao contrário dos outros itens desta lista, esse livro de George Orwell não é ficcional, mas sim um relato autobiográfico do autor que narra experiências vividas nas comunidades de mineiros de Wigan Pier durante a década de 1930.

O livro foi escrito sob encomenda de Victor Gollancz, notório editor, amigo de Orwell e baluarte de causas da esquerda insurgente durante o início do século 20. É dividido em duas partes, sendo a primeira, um relato jornalístico, e a segunda, uma crítica incisiva retomando os pontos apresentados.

Apesar do desenvolvimento de melhores políticas trabalhistas impulsionadas pelas recentes Revoluções Industriais, os mineiros de Wigan Pier, no norte da Inglaterra, viviam em condições totalmente precárias, chegando a trabalhar 18 horas diariamente.

Sobre isso, Orwell escreve que “não era só a sujeira, os cheiros fétidos e a comida nauseabunda, mas a sensação de decadência, de uma estagnação sem sentido, de ter descido a um lugar subterrâneo onde as pessoas se arrastam em círculos, como besouros negros dando voltas”.

Assim como em toda a sua obra, o autor não poupa a caneta em apontar os dedos e dar nome aos responsáveis por aquela situação: estrutura social dos preconceitos de classe europeus, as mazelas do capitalismo e até os próprios socialistas, que não conseguiam colocar em prática o que pregavam.

Se você se interessa por história, sociologia e política e gosta da acidez e criticismo tipicamente britânicos do autor, esse livro merece estar em sua coleção!

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5. 1984

Em uma lista sobre George Orwell, não poderia faltar sua obra-prima, uma das mais bem realizadas distopias de todos os tempos, capaz de permanecer atual e levantar debates até os dias de hoje. Estamos falando de 1984.

Neste livro, você é transportado para um futuro em que existem apenas três nações: Eurásia, Lestásia e Oceania. Essa última é o lar de Winston Smith, membro do Partido Externo, que trabalha reescrevendo artigos de jornais passados como forma de manter a população sob o comando tirano do líder totalitário Grande Irmão.

Secretamente, ele se sente descontente com sua condição e pensa em rebelar-se contra o Estado em que vive. Entretanto, essa sociedade é completamente vigiada por câmeras, e até mesmo pensamentos revolucionários são considerados crimes. Sobre isso, Orwell escreve: “nada era seu de fato, exceto por alguns centímetros cúbicos dentro de seu crânio”.

Durante a trama, Smith alia-se a Julia e O’Brien, dois membros do Partido Externo no intuito de fazer parte de movimento insurgente chamado Irmandade, comandado por Emmanuel Goldstein, o nêmesis político do Grande Irmão.

A obra foi lançada em 1949 e é recheada de críticas a sistemas totalitários (como o nazismo e o comunismo soviético), ao nacionalismo, à censura, à subordinação, à vigilância dos Estados. Novamente, ele faz analogias a personagens históricos para facilitar a compreensão do público.

Mesmo sendo seu último trabalho (Orwell faleceria logo após a publicação do livro, em decorrência de uma tuberculose), pode ser uma ótima porta de entrada para a bibliografia do autor. 

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Entre as edições do livro, uma das que mais chama a atenção é ilustrada pelo paulistano Fido Nesti, em forma de quadrinhos. Segue fielmente o texto original e é certeira em demonstrar a decadência e o sentimento de insegurança da sociedade proposta por Orwell.

É recomendada especialmente para quem já leu o livro, mas gostaria de se aprofundar na leitura, porém, desta vez, com referências imagéticas e visuais.

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Os livros de George Orwell trazem narrativas envolventes, personagens cativantes, e são repletos de críticas sociais e políticas. São ótimos para se ter na prateleira e reler sempre que possível!


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